84.º aniversário da vitória na Cruzada Espanhola

Hoje, 1 de abril do 2023.º ano do Senhor, comemoramos a vitória nacionalista na Guerra Civil Espanhola. Tal guerra pode receber tantos nomes pela forma que ocorreu: Guerra Civil Espanhola, Quarta Guerra Carlista ou A Cruzada.
Em 14 de abril de 1931, renunciava o ilegítimo Afonso XIII, diante da insatisfação popular pela crise em que a Espanha passava. Antes disso, o pai de José António Primo de Rivera, o general Miguel Primo de Rivera, havia feito uma ditadura onde priorizou o bem estado social, mas que colapsou com a crise de 1929.
Foi proclamada então a Segunda República Espanhola, que foi tomada por liberais e comunistas. Ainda na primeira semana de existência, os republicanos causaram brigas contra monarquistas e incendiaram conventos.
O governo republicano então começou uma campanha de perseguição à Igreja Católica e todos os políticos que se baseavam na Doutrina Social da Igreja, destruindo ou secularizando o que havia sobrado de bens da Igreja na Espanha.
O governo então alternou entre grupos de esquerda e conservadores, até que em maio de 1936, o socialista Largo Caballero foi nomeado Primeiro-Ministro. Todos os grupos conservadores odiaram isso e começaram a preparar um golpe militar, que se concretizou em julho, no Marrocos espanhol.
De início, esse golpe era legalista, e tinha como objetivo limpar a Segunda República dos comunistas, mas eventualmente os envolvidos perceberam que a república estabelecida era um sistema decadente e começaram a mudar de posição, inclusive voltando a usar a “roja y gualda” no lugar da bandeira republicana.
Existiam vários grupos em ambos lados: os nacionalistas eram compostos quase totalmente por católicos (alguns marroquinos tomaram parte do lado nacionalista), que faziam parte da Falange, Comunhão Tradicionalista, CEDA (Confederación Española de Derechas Autónomas), Renovación Española e outros grupos, enquanto os republicanos eram compostos por anticlericais majoritariamente comunistas, mas também liberais, anarquistas, anarcossindicalistas e social-democratas.
Quem tomou a frente no lado nacionalista foi a Falange, e com a execução de José António Primo de Rivera, que havia sido julgado tendenciosa e covardemente pelos republicanos por estar preso em Madri, e a morte de outros líderes falangistas, Francisco Franco tomou sua liderança.
Franco, numa tentativa de manter todos os setores juntos, força a fusão de todos os grupos a Falange em 1937. A Falange, que até então se chamava “Falange Española de las Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista” passou a se chamar “Falange Española Tradicionalista y de las Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista”, e o quepe falangista foi trocado pela boina vermelha. Isso causou desconforto entre os grupos, especialmente entre os carlistas.
Sem o apoio carlista, a guerra não teria sido vencida. O exército espanhol ficou dividido, as milícias falangistas cresceram muito rápido e não eram tão bem treinadas por não serem tão antigas, e o único setor militar que ficou totalmente do lado dos nacionalistas foi a Legião Espanhola.
O bando nacionalista acabaria por receber apoio estrangeiro, assim como o bando republicano. Os nacionalistas receberam os Viriatos, voluntários portugueses que se dividiram entre a Legião Espanhola, Falange e os Requetés, o Corpo Truppe Volontarie, três divisões voluntárias italianas e a Legião Condor, de voluntários alemães. Os republicanos receberam, pela Brigada Internacional, voluntários socialistas de todo o mundo, além de contarem com o apoio soviético.
Existe um lado que não é quase mostrado da guerra, e é o seu principal: o lado religioso. Durante a guerra, foram assassinados cerca de 6 mil religiosos, entre bispos, padres, seminaristas e freiras, que também foram estupradas, e um número indefinido de fiéis assassinados por motivos religiosos. Também foram destruídas aproximadamente 10 mil igrejas, invadidas, profanadas e reviradas, inclusive com republicanos posando com paramentos e até múmias. Podemos citar como exemplo os Mártires Claretianos de Barbastro, e muitos outros, como o pai do Padre Quevedo, Manuel González-Quevedo Monfort.
Por muitas vezes isso é escondido do público. Nas escolas, sempre se fala de Franco como um fascista maquiavélico, de Guernica e da perseguição da oposição, mas nunca se mostra o que a dita oposição fazia com seus críticos. Se mostra o quadro de Picasso, mas nunca se mostra as imagens de milicianos atirando contra uma estátua de Nosso Senhor, simulando uma execução, nem de milicianos posando com uma múmia ou com paramentos nas ruínas de uma igreja.
Infelizmente, Franco não soube manter-se fiel aos seus ideais. Acabou por tentar se conciliar com os derrotados, enterrando no mesmo lugar os mártires e os republicanos, aceitou totalmente o Concílio, secularizou a Espanha, rompeu com os carlistas e os falangistas e se aliou com a Opus Dei.
Deixo minha homenagem a todos os caídos que deram a sua vida por Cristo, a Igreja e a Espanha.
Bruno,
São Paulo dos Campos de Piratininga, Terra de Vera Cruz, 1 de abril de 2023, 523º do descobrimento e 201º da Independência.