A anticatolicidade da missa nova

A anticatolicidade da missa nova
Papa Paulo VI, durante seu pontificado a missa nova foi criada.

É inegável que a ideia da Igreja Católica incentivar uma missa não católica é algo inconcebível ao fiel comum que não tem conhecimento da crise da Igreja, diga-se de passagem, a pior de sua história, contudo, podemos conhecer uma árvore pelos seus frutos e pelas suas raízes, e nem os primeiros nem os segundos da missa nova são bons, ambos geraram prejuízos inestimáveis para a fé do católico atualmente, e passaremos por esses pontos para descobrir não só o porquê da mesma ser tão tóxica para a vida espiritual dum cristão, como também os seus frutos podres que destruíram o catolicismo. Lembrem-se: se estamos lutando por um Estado Católico, TUDO deve ser católico, principalmente a missa!

Suas raízes

Pastores protestantes Georges, Jasper, Sephard, Konneth, Smith e Turian com o Papa Paulo VI.

Durante a elaboração da missa nova, uma chamada comissão não católica chamada de "Comunidades eclesiais não católicas" participou como "observadores", embora essa aparente mera participação, há muitos relatos que contam que na verdade os mesmos tiveram um papel ativo, sendo consultados e opinando sobre a elaboração da missa nova. Sendo impossível falar da mesma e não mencionar o polêmico Monsenhor Bugnini, o "liturgista" por trás do herético projeto, ele diz:

A oração da Igreja não deve ser um motivo de constrangimento para ninguém“, portanto, é necessário ” arredar toda a pedra que poderia constituir qualquer sombra de risco de tropeço ou de desprazer para os nossos irmãos separados” (L’Osservattore Romano, 19.03.65)

Só pra deixar claro, quando Bugnini disse "irmãos separados" ele estava se referindo exatamente aos protestantes! Eu nem precisaria me aprofundar tanto no quanto essa colocação é absurda, mas pelo bem da verdade, recorro novamente ao Concílio de Laodiceia:

"33. Não se deve orar com hereges ou cismáticos".

Ora, se não devemos nem rezar com hereges ou cismáticos, imagina adequar nossos ritos para gerar uma falsa união com eles! E aparentemente, a tal tentativa de união deu relativamente certo, já que vários pastores protestantes alegaram com a reforma litúrgica que poderiam rezar a missa nova, vejamos as citações de alguns:

"As comunidades não católicas poderão celebrar a Santa Ceia com as mesmas orações que a Igreja católica [da Nova Missa de Paulo VI]: teologicamente, isto é possível”."
(Max Thurian, pastor protestante de Taizé. Citado no jornal "La Croix" du 30 mai 1969)
"As novas orações eucarísticas [da Missa Nova de Paulo VI] apresentam uma estrutura que está conforme a missa luterana."
(Roger Schutz, pastor protestante de Taizé. Citado na Revista "Itinéraires" n°305, p.162)
"O que nós consideramos, e bem acima, é um ponto sobre o qual todos os protestantes concordam -- e não há divergência sobre este ponto -- é que a missa possa ser uma repetição do sacrifício de Jesus Cristo, que o padre possa oferecer o Corpo e o Sangue uma vez mais. Isto nos parece, e eu vos digo muito francamente, abominável que se possa repetir algo que é único e perfeito, isto não pode ser repetido, e o grande mérito do Ordo de Paulo VI [a Missa Nova de Paulo VI] é que ele abriu um caminho exatamente neste sentido, e que é assim que a Igreja conciliar agia.
O que era intolerável na Missa de Pio V, eu escrevi no jornal Le Monde, e eu me refiro a isso frequentemente, é que muitos dos nossos antepassados na fé preferiram subir no cadafalso antes que assistir aquela missa. E eles tinham uma certa coragem, teologicamente tinham razão, porque aquela missa não é possível aos nossos olhos, no campo evangélico."(Pastor Viot, presidente do Consistório Luterano de Paris. Citado in "Una Voce" de Julho de 1985)

Gostaria de dar um destaque principal para a última fala, a do Pastor Viot, que destaquei, podemos ver perfeitamente o abismo de diferença entre a missa de Paulo VI e a Missa de São Pio V (o que seria um termo até relativamente errado, já que a missa é anterior ao mesmo, porém, usaremos esse termo para fins de simplificação).  Nos aprofundando nessa questão das suas origens, vamos analisar o quê o Concílio de Trento diz a respeito de quem fala que a missa não representa um sacrifício pelos nossos pecados:

"Cân. III – Se alguém disser que o sacrifício da Missa é apenas um sacrifício de elogio e de ação de graças, ou mera recordação do sacrifício consumado na cruz, mas que não é próprio, ou que apenas é aproveitável àquele que o recebe, e que não se deve oferecer pelos vivos nem pelos mortos, pelos pecados, penas, satisfações nem outras necessidades, seja excomungado".

Eu desafio o leitor a ir aos documentos da Constituição Apostólica Missale Romanum (por sinal, ÚNICO documento sobre a missa nova assinado por Paulo VI) e no Sacrosanctum Concilium sobre a liturgia e encontrar algo que faz referência ao sacrifício propiciatório, um ponto tão importante não pode passar em branco quando se faz referência a uma missa, justamente porque é um dos pontos principais, acima do sacrifício de ação de graças, ao fazer essa omissão, a missa torna-se no mínimo duvidosa. Entrando em outro problema, e farei desse o último para não me alongar demais nas horríveis origens da missa nova, menciono novamente o Concílio de Trento:

"Cân. 13. Se alguém disser que os ritos aceitos e aprovados pela Igreja Católica, que costumam ser usados na administração solene dos sacramentos, podem ser desprezados ou sem pecado omitidos a bel-prazer pelos ministros, ou mudados em novos e em outros por qualquer pastor de igrejas — seja excomungado".

Creio eu que não preciso fazer um catecismo básico ao leitor e dizer que durante a missa ocorre o sacramento da Eucaristia, logo, a promulgação duma nova missa é algo que não deve ser feito, pois vai contra esse Cânon do Concílio de Trento.

Seus frutos

Igreja vazia, imagem meramente ilustrativa para o próximo tópico.

Não preciso falar dos frutos da missa tridentina, foi essa missa que se espalhou pelo mundo inteiro, fomentou vocações e gerou vários e vários santos, isso é um fato provado facilmente por um simples estudo da história da Igreja. E a missa nova? Depois de sua promulgação, menos de 5% dos fiéis franceses passaram a assistir à missa regularmente (vale pautar que a maioria que continua assistindo são idosos), 69% dos católicos americanos acreditam que a eucaristia é apenas um símbolo, e não um sacrífico real de Nosso Senhor Jesus Cristo, entre 1967 e 1974 de trinta a quarenta mil padres abandonaram suas vocações e foram reduzidos ao estado leigo (sem contar os que não abandonam de maneira oficial, permanecendo em grave pecado público como o concubinato por exemplo). Só para deixar claro, eu não acredito plenamente que tudo isso tenha sido culpa só da missa, também acredito que as declarações heréticas do Vaticano II antes da missa nova tenham também influenciado fortemente isso, contudo, qual missa estava sendo rezada enquanto tudo isso acontecia? Uma que exprimia claramente o que significa a eucaristia ou outra que abre margem para dúvidas? Exemplificando: se eu digo todo dia, às 10 da manhã para você arrumar sua cama, com certeza você se lembrara, contudo, se eu paro de fazer isso e passo apenas a te cumprimentar com um simpático "bom dia", tenho certeza de que nos primeiros dias disso você continuará arrumando sua cama normalmente, porém, um dia se esquecerá, e a partir daí essa noção antes construída acabou. Ora, é exatamente isso que aconteceu com os católicos hoje diante da noção do sacrifício da Eucaristia! Parou-se de falar que lá está Nosso Senhor Jesus Cristo de fato, e se você para de falar uma noção essencial para os homens, eles vão esquecer! Não se pode omitir o ponto central da missa!

A bula Quo Primum Tempore

Papa São Pio V, autor da bula Quo Primum Tempore.

A bula Quo Primum Tempore do Santo Papa Pio V além de codificar a missa tridentina (memorizem bem o termo "codificar", São Pio V apenas a codificou, e não criou uma missa como os caluniadores da missa tridentina acusam, a missa do rito latino de sempre é totalmente orgânica), estabeleceu normas que devem, ou pelos menos deviam estar sendo seguidas pelas autoridades eclesiásticas atuais, desejo aqui destacar 2 números da bula, o 6°, o 7° e o 9°:

6 - "E a fim de que todos, e em todos os lugares, adotem e observem as tradições da Santa Igreja Romana, Mãe e Mestra de todas as Igrejas, decretamos e ordenamos que a Missa, no futuro e para sempre, não seja cantada nem rezada de modo diferente do que esta, conforme o Missal publicado por Nós, em todas as Igrejas: nas Igrejas Patriarcais, Catedrais, Colegiais, Paroquiais, quer seculares quer regulares, de qualquer Ordem ou Mosteiro que seja, de homens ou de mulheres, inclusive os das Ordens Militares, igualmente nas Igrejas ou Capelas sem encargo de almas nas quais a Missa conventual deve, segundo o direito ou por costume, ser celebrada em voz alta com coro, ou em voz baixa, segundo o rito da Igreja Romana, ainda quando estas mesmas Igrejas, de qualquer modo isentas, estejam munidas de um indulto da Sé Apostólica, de costume, de um privilégio, até de um juramento, de uma confirmação apostólica ou de quaisquer outras espécies de faculdades. A não ser que, ou por uma instituição aprovada desde a origem pela Sé Apostólica, ou então em virtude de um costume, a celebração destas Missas nessas mesmas Igrejas tenha um uso ininterrupto superior a 200 anos. A estas Igrejas Nós, de maneira nenhuma, suprimimos nem a referida instituição, nem seu costume de celebrar a Missa; mas, se este Missal que acabamos de editar lhes agrada mais, com o consentimento do Bispo ou do Prelado, junto com o de todo Capítulo, concedemos-lhes a permissão, não obstante quaisquer disposições em contrário, de poder celebrar a Missa segundo este Missal".
7 - "Quanto a todas as outras sobreditas Igrejas, por Nossa presente Constituição, que será válida para sempre, Nós decretamos e ordenamos, sob pena de nossa indignação, que o uso de seus missais próprios seja supresso e sejam eles radical e totalmente rejeitados; e, quanto ao Nosso presente Missal recentemente publicado, nada jamais lhe deverá ser acrescentado, nem supresso, nem modificado. Ordenamos a todos e a cada um dos Patriarcas, Administradores das referidas Igrejas, bem como a todas as outras pessoas revestidas de alguma dignidade eclesiástica, mesmo Cardeais da Santa Igreja Romana, ou dotados de qualquer outro grau ou preeminência, e em nome da santa obediência, rigorosamente prescrevemos que todas as outras práticas, todos os outros ritos, sem exceção, de outros missais, por mais antigos que sejam, observados por costume até o presente, sejam por eles absolutamente abandonados para o futuro e totalmente rejeitados; cantem ou rezem a Missa segundo o rito, o modo e a norma por Nós indicados no presente Missal, e na celebração da Missa, não tenha a audácia de acrescentar outras cerimônias nem de recitar outras orações senão as que estão contidas neste Missal".
9 - "Da mesma forma decretamos e declaramos que os Prelados, Administradores, Cônegos, Capelães e todos os outros Padres seculares, designados com qualquer denominação, ou Regulares, de qualquer Ordem, não sejam obrigados a celebrar a Missa de outro modo que o por Nós ordenado; nem sejam coagidos e forçados, por quem quer que seja, a modificar o presente Missal, e a presente Bula não poderá jamais, em tempo algum, ser revogada nem modificada, mas permanecerá sempre firme e válida, em toda a sua força".

Bom, creio que as palavras de São Pio V expostas em sua bula falam muito mais do que qualquer palavra minha, claramente a missa nova feriu a bula Quo Primum Tempore, sem contar a supressão do verdadeiro rito latino também, já que de acordo com o ponto 9, nenhum sacerdote deveria ser forçado a celebrar a missa de outra maneira. Me aprofundando mais, citarei um exemplo onde a missa nova modificou radicalmente a estrutura do rito latino, veja a oração que o padre faz após oferecer o pão e o vinho na missa tridentina:

"Suscipe, sancta Trinitas, hanc oblationem, quam tibi offerimus ob memoriam Passionis, Ressurrectionis et  Ascensionis Jesu Christi Domini nostri – Recebei, Santíssima Trindade, esta oblação, que vos oferecemos em memória da Paixão, da Ressurreição e da Ascensão de Jesus Cristo Nosso Senhor."

Agora, observe as orações que a substituiu na missa nova:

"Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo pão que recebemos da vossa bondade, fruto da terra e do trabalho do homem, que hoje Vos apresentamos e que para nós se vai tornar pão da vida".
"Bendito sejais, Senhor, Deus do universo, pelo vinho que recebemos da vossa bondade, fruto da videira e do trabalho do homem, que hoje Vos apresentamos e que para nós se vai tornar vinho da salvação".

Homem, homem e homem! Onde fica Deus nisso? Óbvio que O mencionam, caso contrário se tornaria muito explícito, porém, por que tantas referências humanísticas? Esse sacrifício é primeiramente para Deus, e por último para nós, que recebemos as "sobras" por assim dizer. De qualquer forma, como mencionado anteriormente, essas alterações não deveriam ter sido feitas devido a Quo Primum Tempore, e isso é apenas um dos exemplos de alterações, tem outros ainda piores. De qualquer forma, acredito que tenha ficado claro que fizeram o que não deveria ter sido feito.

A participação na missa nova

Exemplo de Missa Nova. Peço perdão pelo escândalo da imagem, mas está aqui por razões ilustrativas.

Uma pergunta difícil e que gera bastante conflito entre os católicos atuais é: "Não tenho a missa no verdadeiro rito latino presente na minha cidade ou/e minhas condições não permitem que eu vá num lugar que tenha, posso então frequentar a missa nova"? Bom, minha resposta e assim como dos padres da tradição é um sonoro "não", minha explicação para isso é que simplesmente temos que ver esse rito como não católico, ele não expressa a fé católica de fato, como já mencionei anteriormente no artigo, houve por exemplo a supressão do que é o sacrifício de Nosso Senhor propriamente dito, ele se reduz para o aspecto de refeição, como se fosse apenas isso, mas sabemos que não é! Logo, se esse rito não é católico, simplesmente aplicamos nele as mesmas regras que a Igreja aplica para a participação de ritos de outras religiões: Simplesmente não deve se comparecer a não ser em situações de grande constrangimento social (como um casamento ou funeral por exemplo), e mesmo nesses casos, não se deve participar das orações, pois isso seria dar anuência aos sacrilégios que ocorrem. Mencionando um caso pessoal meu, quando eu ainda frequentava a missa nova (hoje graças Ao Bom Deus nem lembro direito mais como é o rito) eu nem sabia direito o que era o ofertório, para mim o ofertório era apenas o momento em que as ditas "ofertas" eram recolhidas para a manutenção da Igreja, tenho certeza de que outros fiéis também pensam da mesma forma, e isso não é culpa deles! É culpa dum rito que em sua essência suprime as verdades católicas, acaba com a noção de sacrifício, como eu disse antes, se você não fala mais dessas questões os homens irão as esquecer! Obviamente as pessoas que participam dessas missas sem ter conhecimento da crise na Igreja e da existência de fato de outro rito (alguns pensam que a missa tridentina é apenas a missa nova em latim) não cometem pecado algum, elas acreditam que ali há uma profissão de fé católica clara, contudo, não há, e a Igreja claramente em toda sua história sempre orientou seus fiéis a não participarem de cerimônias duvidosas, portanto, para nós que temos o conhecimento da crise da Igreja, da desastrosa reformas litúrgicas e sabemos o que está acontecendo temos a obrigação de recusar essa missa. Enfim, lembrem-se do Evangelho de São Lucas, capítulo 12 versículos 47-48:

"Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e não prepara o que ele deseja, nem o realiza, receberá muitos açoites. Mas aquele que não a conhece e pratica coisas merecedoras de castigo, receberá poucos açoites. A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito mais será pedido".

Oração final

Santo Atanásio.

Para o leitor que chegou até o final aqui, agradeço pela sua atenção e carinho, faço dois pedidos finais, que medite o versículo anteriormente mencionado no evangelho de São Lucas e reze esta curta oração em honra de Santo Atanásio, grande santo defensor da verdadeira doutrina da nossa Santa Igreja Católica:

"Ó Deus, que marcastes pela vossa doutrina a vida de Santo Atanásio, concedei-nos, por sua intercessão, que sejamos fiéis à mesma doutrina, e a proclamemos em nossas ações. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém".


Recomendação de leitura complementar:

As 62 razões para não assistir à Missa Nova | Fraternidade Sacerdotal São Pio X no Brasil (fsspx.com.br)