Devoção ao Sagrado Coração de Jesus: uma devoção que pode salvar o homem moderno

Neste dia 16 de junho, nós Católicos comemoramos o dia do Sagrado Coração de Jesus, que é talvez a devoção mais importante da Igreja e que é sobretudo, a devoção por excelência que poderá aliviar o homem moderno, ser esse que é impregnado pelo modernismo, tecnicismo, socialismo e liberalismo; afim de resolver isso, Nosso Senhor quis mostrar de fato a devoção ao Seu Sagrado Coração para alcançar a nossa redenção e que redenção não alcançamos senão por Nosso Senhor Jesus? Nosso Senhor quer curar os males advindos dessas revoluções, com o seu nominalismo, seguido pelo antropocentrismo até os nossos dias com o modernismo conciliar, que tem fortes bases no egoísmo liberal. A solução, adiatemos que é o "Coração que tanto amou os homens e que é por eles tão ingratamente correspondido!”, como bem disse Nosso Senhor em Sua aparição. Satânica ingratidão do homem!
Nesse pequeno artigo, destrincharemos as tão boas e doces maravilhas que Nosso Senhor nos revelou por intermédio de seus confessores e mártires.
Por que veneramos o seu Coração?
Essa é uma pergunta recorrente, e talvez seja o cerne da devoção ao Sagrado Coração, pois Jesus como autor dessa devoção, escolhe a parte mais Nobre que havia em seu puríssimo corpo, que era o coração, então podemos compreender sem muito esforço, que essa devoção é senão, racional, aliada a fé, ou seja, há um fundamento para que venerarmos o Coração de Jesus; a natureza do coração conforme afirmei é o órgão mais nobre do homem e traz nele um encargo simbólico, pois o coração está intimamente ligado à alma, como expressão das boas ou das más obras, logo é daí que se diz que aquela pessoa tem um “coração ruim” ou um coração generoso, e sobretudo o coração dá a sustentação do homem, é ele que dá notoriamente a vida e o calor, logo ele leva a vida do homem, mas a vida natural. E enquanto o sobrenatural?
Visto isso, podemos tirar certas conclusões como que o coração é a parte mais nobre do homem, aquela que exprime a docilidade deste e que impulsiona a vontade racional de sempre fazer o bem, agora imaginemos isso com Nosso Senhor Jesus como 100% Deus e 100% homem, podemos aplicar nele também esse saber natural que eu acabo de expor, pois como um homem ele também tinha um coração, esse coração é o mais elevado, o mais perfeito. É esse coração que, por exemplo, quis morrer na Cruz para nos dar uma vida nova (Jo 3,13-17), mas não só isso, atender os pobres, ressuscitar os mortos, curar os doentes, etc. Tudo isso regido pela Razão Superior e impulsionado pelo Coração de Nosso Senhor Jesus. A sua vida então foi impulsionada pelo seu amor que se manifestava em seu Sagrado Coração, sendo esse fonte de graças e de amores, pois é um coração verdadeiramente nobre e perfeito.
Assim sendo, quando rezamos ao Sagrado Coração de Jesus, devemos ter a noção primordial de que estamos pedindo não ao coração de nossa mãe, do nosso pai ou de quem quer que seja, mas estamos pedindo ao Coração do nosso próprio Deus e Rei Supremo, que quis assim na sua Aparição a Santa Margarida-Maria de Alacoque, para mostrar a nós a sua parte mais nobre, para enfrentar as provações que o mundo sofreu após 1789.
Devoção ao Sagrado Coração de Jesus para o homem atual: a imitação e reparação.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus requer primeiramente a sua completa imitação de nossa parte, naquele: “Amai-vos uns aos outros… Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”(Jo.13,34). Ou seja, esclarecidos pelo próprio evangelho de como amar mais a Deus em primeiro lugar,vamos também amar ao próximo como a nós mesmos.
E o exemplo SUPREMO na verdadeira prática, do verdadeiro amor, é o próprio Cristo, em seu Sagrado Coração; “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também a vós". E como aprender com Nosso Senhor? Ora, nos juntando ao seu fogo incandescente de amor, e consequentemente nos apartando da frieza do nosso ego e vaidade. Pois ele mesmo diz: “Aprendei de mim, pois sou manso e humilde de coração”(Mt 11:29).
Mas apenas isso não basta, pois como vamos nos aproximar desse Santo Coração sem um sacrifício e resignação dos nossos pecados? Nosso Senhor, sim ele mesmo, expressa profunda tristeza em sua aparição a Bem Aventurada Margarida de Alacoque, demonstrando o quão ingrato são os nosso corações:
“Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim”.
O amor de Nosso Senhor não é correspondido por grande parte dos homens, mas ele ainda sim está esperando para que larguemos nossa tiebeza e ingratidão, para cumprir o que ele fala; e é por isso que a devoção ao Sagrado Coração nos é dita, para que, impulsionados para oferecer um amor mais digno que damos à Deus, reparemos os desagravos, as ofensas e ingratidões do dia a dia, que de maneira indigna mostramos à ele. E como podemos fazer para honrar dignamente esse Sagrado Coração que nos ama?
A entronização como forte meio
Vossa Eminência, o Cardeal Billot, em uma de suas cartas, trata especificamente sobre a entronização da Devoção do Sagrado Coração de Jesus em nossa vida, que deve começar primeiro em nossa alma, como já expliquei, porém, o ponto de começo é senão na família, a célula mater da sociedade; a entronização é colocar em um lugar de honra, o reconhecimento que Jesus é Rei daquela casa, fazendo as devoções, como: guardar a primeira sexta do mês e comungar nesse dia se for possível, e, também em todo dia perante a imagem, o pai ou a mãe renovando a devoção que fizeram desde o primeiro dia; a inspiração também nas lições e nas promessas feitas pelo Sagrado Coração também são importantes, que devem ser feitas, sempre, mesmo se a família estiver em ótima qualidade de vida, ou se ela estiver passando por necessidades. É então uma devoção operante, pujante e viva, que ajuda na santificação da nossa família, essa que em nossos tempos vem sendo abalada, pelo feminismo, cientificismo e pelo liberalismo, que se forem destruídos em uma família ou até no trabalho, cessando a briga entre ricos e pobres, poderá se assemelhar parábola da mistura de fermento (que Cristo coloca como o Reino dos Céus) misturado com trigo da mulher, que se for bem fermentado, com todo o cuidado de não colocar demais e nem de menos, se tornarágrande (Mateus 13;33).
Os Desejos do Sagrado Coração e a santificação da sociedade
“Eu estabelecerei a paz nas famílias. Eu abençoarei as casas em que a imagem do meu Sagrado Coração for exposta e honrada”.
Para Santa Margarida-Maria, a família estava no epicentro, era lá onde de fato a devoção ao Sagrado Coração de Jesus deveria reinar, mesmo vivendo longe das cidades, sem filhos ou um marido, ela, por ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, sabia que a devoção das famílias era o começo para a santificação da sociedade como um todo, porque, como um grão de mostarda (uma simples família envolta a milhares), se caísse em um terreno propício, poderia gerar uma bela árvore, e ela ai teria reconhecido “então extensão do gesto tão graciosamente esboçado por suas jovens noviças, e teria visto o verdadeiro cumprimento dos augustos desejos, dos quais fora ela confidente”, como diria o cardeal Billot.
O grande prelado, analisando a sua obra, tem uma análise concisa de que, é uma regra que as coisas se formam e dão origem através de princípios muito bem estabelecidos. Ora, não vemos que a origem da família não se dá, senão pela redenção que devemos buscar olhando na Cruz? E é pois também uma união sagrada, instituída pelo próprio mistério do Deus Vivo em Caná? E é esse mistério senão, conforme diz ele: “outra cousa é senão o mistério do Sagrado Coração aberto sobre a cruz para a criação da Igreja, como foi aberto no paraíso terrestre o lado do primeiro Adão para a criação da primeira Eva?”
Agora o casamento sendo abençoado pelo próprio Cristo, onde é mais rico, mais belo que todos os bens terrestres pois é cheio da graça do Inefável mistério, está na família cristã, onde ela se deleita, se inebria e mergulha perante as graças que dão a sua origem sobrenatural, para que, embebidos da graça que Nosso Senhor nos dá, gratuitamente, ela possa, através do ambiente co-natural em que está inserida no mundo, se sobrenaturalizar, como diria o apóstolo Paulo em sua carta aos Efésios: “Eis porque o homem abandonará seu pai e sua mãe para ligar-se à sua esposa e de dois eles se tornarão uma só carne. Este mistério é grande, digo em relação a Cristo e à Igreja. De resto, que cada um de vós, do mesmo modo, ame sua mulher como a si mesmo, e que a mulher respeite a seu marido” (Efésios 5: 31-32).
Feito a completa santificação da família, bebendo dos princípios primeiros que a formaram, a sociedade estará devidamente santificada, como é por desejo de Nosso Senhor Jesus Cristo, como ele sempre demonstrou, principalmente na aparição à San Bernardo de Hoyos onde o próprio Cristo promete que Reinaria na Espanha com mais devoção que em outras partes, isto é, a completa santificação da sociedade, que culminaria de forma, digo eu, simbólica, na entronização do Sagrado Coração nas bandeiras dos países e reinos europeus, onde estaria então atestado que aquele país estava consagrado, e consequentemente, Cristo Reinava socialmente e sobrenaturalmente.
Conclusão
Dado as magníficas disposições sobre essa devoção tão incrível, podemos atestar com todas as letras de que se trata de uma devoção que se encaixa perfeitamente no homem moderno, que é um remédio, o mais poderoso dos remédios que podemos ter nesse vale de lágrimas, que é a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, para que em corações tão duros como os nossos, mesmo com cabeças tão racionalizadas pelas ciências naturais e sociais que tanto apreciamos e colocamos em pedestais, não conseguimos abrir o nosso coração aquilo que é correto, santificando a nossa razão, aplicando aquilo que Deus nos deu (tudo, nossos sentidos, emoções, sentimentos) , de forma reta e sobretudo, com amorosidade, imitando o Sagrado Coração do nosso redentor na Cruz. Com isso, devemos, se tivermos um amor a nossa salvação, sair dessa vida e se converter verdadeiramente, nos apegando a modestia ao falar, vestir e amar; fazer caridade aos que tem fome e sede, e aqueles que não conhecem a Doutrina, amar ao proximo e sobretudo a Deus em primeiro lugar.
Ato de Reparação ao Sagrado Coração de Jesus
Dulcíssimo Jesus, cuja infinita caridade para com os homens é por eles tão ingratamente correspondida com esquecimentos, friezas e desprezos, eis-nos aqui prostrados na vossa presença, para vos desagravarmos, com especiais homenagens, da insensibilidade tão insensata e das nefandas injúrias com que é, de toda a parte, alvejado o vosso amorosíssimo Coração.
Reconhecendo, porém, com a mais profunda dor, que também nós, mais de uma vez, cometemos as mesmas indignidades, para nós, em primeiro lugar imploramos a vossa misericórdia, prontos a expiar não só as próprias culpas, senão também as daqueles que, errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na sua infidelidade, não vos querendo como pastor e guia, ou, conculcando as promessas do batismo, sacudiram o suavíssimo jugo da vossa santa lei.
De todos estes tão deploráveis crimes, Senhor, queremos nós hoje desagravar-vos, mas, particularmente, da licença dos costumes e modéstias do vestido, de tantos laços de corrupção armados à inocência, da violação dos dias santificados, das execrandas blasfêmias contra vós e vossos Santos, dos insultos ao vosso Vigário, e a todo o vosso Clero, do desprezo e das horrendas e sacrílegas profanações do Sacramento do divino amor, e, enfim, dos atentados e rebeldias das nações contra os direitos e o magistério da vossa Igreja.
Oh! se pudéssemos lavar, com o próprio sangue, tantas iniquidades!
Entretanto, para reparar a honra divina ultrajada, vos oferecemos, juntamente com os merecimentos da Virgem Mãe, de todos os Santos e almas piedosas, aquela infinita satisfação, que vós oferecestes ao Eterno Pai sobre a cruz, e que não cessais de renovar, todos os dias, sobre nossos altares.
Ajudai-nos, Senhor, com o auxílio da vossa graça, para que possamos, como é nosso firme propósito, com a vivacidade da fé, com a pureza dos costumes, com a fiel observância da lei e caridade evangélicas, reparar todos os pecados cometidos por nós e por nosso próximo, impedir, por todos os meios, novas injúrias de vossa divina Majestade e atrair ao vosso serviço o maior número de almas possíveis.
Recebei, ó benigníssimo Jesus, pelas mãos de Maria santíssima reparadora, a espontânea homenagem deste nosso desagravo, e concedei-nos a grande graça de perseverarmos constantes, até a morte, no fiel cumprimento dos nossos deveres e no vosso santo serviço, para que possamos chegar todos à pátria bem-aventurada, onde vós com o Pai e o Espírito Santo viveis e reinais, Deus, por todos os séculos dos séculos.
Amém.
