Os crimes dos revolucionários na França

Os crimes dos revolucionários na França

Não é uma novidade para nenhuma pessoa que procura estudar em fontes primárias e não-iluministas, que a Revolução Francesa foi um acontecimento pleno dos mais hediondos crimes, contra a Igreja, contra o povo francês e até contra os defuntos.

Pretendo expor neste artigo alguns desses crimes, muitas vezes omitidos ou relativizados pelos professores de história que defendem como animais irracionais essa infame revolta contra o próprio povo francês, tentando apagar suas raízes e bases católicas, monárquicas, descentralizadas e regionalistas.

Constituição Civil do Clero e outras supressões legislativas da Igreja:

Os revolucionários tentaram forçar o clero a assinar uma constituição civil que instituía a democracia dentro da Igreja, como votações para a eleição de bispos, junto de outros absurdos como casamento para clérigos e outras formas de destruição do sacerdócio. Além disso, por meio de outras legislações, forçaram a fusão de conventos de ordens diferentes, e até o fim da vida conventual e uso de hábito.

Os padres que juraram tal constituição foram rechaçados pelos católicos, e ficaram conhecidos como “padres jurões”, traidores, enquanto os que rejeitaram ficaram conhecidos como “padres refratários”. Os revolucionários arrancaram os padres refratários das paróquias, e faziam de tudo para impedir suas missas, feitas em propriedades privadas por eles alugadas ou cedidas.

Os padres jurões ficaram à total serviço dos revolucionários, permitindo até que fossem tocadas músicas revolucionárias durante as missas. Diferente deles, os refratários precisaram agir em segredo, como nos tempos das catacumbas, rezando missas e ministrando os sacramentos escondidos, para evitar qualquer ataque revolucionário.

Foi durante esse período que São João Maria Vianney, que viria a se tornar o Cura d’Ars, recebeu sua primeira comunhão, numa cozinha com as cortinas fechadas, para que as velas da missa não pudessem ser vistas.

Um prato comemorativo revolucionário mostrando um pároco jurando a Constituição Civil do Clero.

O brutal regicídio:

Como disse em meu artigo sobre dos 230.º anos do martírio de Luís XVI, os revolucionários mataram brutal e covardemente o rei e a rainha, expressando um gigantesco ódio, falta de justiça e uma cega igualdade, chegando a inventar que o real nome do rei seria “Luís Capeto”, um simples cidadão.

Na realidade, os revolucionários, em geral, não se opunham a existência do rei, desde que ele fosse totalmente leal aos princípios iluministas. Luís XVI, que já havia tido uma formação fraca e influenciada pelo iluminismo, demorou para perceber que havia se transformado em uma marionete, somente tomando coragem de rejeitar os infames decretos anticlericais quando foi advertido por seu confessor. Como já não cumpria mais com os requisitos dos revolucionários, foi descartado por eles, que agora se tornavam abertamente republicanos.

Também se deve considerar o que foi feito com o filho de Luís XVI, Luís XVII, uma criança. Deixaram-no preso, em condições subumanas, levando a um óbito suspeito. Não se têm certeza, até hoje, se os restos mortais que foram considerados do pequeno herdeiro, realmente o pertenciam.

A execução de Luís XVI. O pedestal na direita costumava ser a base de uma estátua equestre de seu avô, Luís XV, mas foi derrubada e derretida pelos revolucionários.

Assassinato dos contrarrevolucionários:

A realidade é o contrário das mentiras contadas pelos que romantizam a revolução: ela não era popular, e, mesmo que fosse, não seria boa.

A revolução tinha apoio somente na capital, Paris, onde as estruturas monárquicas já haviam degenerado pelas tentativas da burguesia de usurpar as funções administrativas da nobreza, transformando os nobres em simples habitantes de um palácio isolado sem função política alguma, servindo apenas para bajular o rei. No interior, os nobres eram amados pelo povo, já que cumpriam suas funções como governadores regionais.

O povo francês, vendo todo o anticlericalismo revolucionário, ficou indignado. Infelizmente, não foram todos que tiveram coragem o suficiente para reagir contra as terríveis medidas, porém muitos católicos leais a Santa Igreja se juntaram em exércitos, sendo o mais conhecido o “Exército Católico e Real”, da Vendeia, uma região do interior da França responsável pela Guerra da Vendeia.

Nesta guerra, morreram cerca de 175 mil pessoas, tanto civis quanto militares. Do contrário do que já ouvi muitos responderem quando expostos a esta revolta, o povo não foi “manipulado” pelo rei, já que o ele já havia sido morto, nem pelos nobres, que temiam reagir. O povo decidiu cobrar uma reação aos nobres, inclusive batendo em suas portas e exigindo que se revoltassem contra o governo.

Outra guerra reacionária famosa foi a que aconteceu na Bretanha, conhecida como “Chouannerie”, que, inclusive, foi retratada na única obra de Júlio Verne sobre sua região natal, no livro “O Conde de Chanteleine”. O exército era composto pelos “chouans”, vandeanos e imigrantes contrarrevolucionários (chamados de “émigrés”).

Conde Henri de La Rochejaquelein, um dos principais generais reacionários

A profanação de Saint-Denis:

Uma das construções mais ligadas religiosamente a monarquia francesa era a Abadia de Saint-Denis, beneditina, fundada por pedido de Dagoberto I. São Dionísio foi um antigo bispo de Paris, do século III, e um mártir, que acabou sendo fortemente relacionado aos monarcas, sendo um dos primeiros gritos de guerra e lemas da França “Montjoie Saint-Denis !

Basílica de Saint-Denis.

Quase todos os reis franceses (exceto três) entre o século X até a revolução (e muitos de séculos anteriores) foram enterrados nesta basílica, que também era o lugar onde comumente as rainhas eram coroadas.

Por isso, o local ficou extremamente relacionado com as raízes monárquicas francesas, com as efígies e monumentos dedicados aos reis. Com a revolução, foi proposto durante o período do Terror a profanação destes túmulos.

No dia 1.º de agosto de 1793, foi decretada a destruição dos túmulos e mausoléus, em Saint-Denis e em toda a França.

XI. Les tombeaux et mausolées des ci-devant rois, élevés dans l’église de Saint-Denis, dans les temples et autres lieux, dans toute l’étendue de la république, seront détruits le 10 août prochain.
(XI. Os túmulos e mausoléus dos antigos reis, erguidos na igreja de Saint-Denis, em templos e outros locais, por toda a república, serão destruídos no dia 10 de agosto.)

Os revolucionários, além de destruir os mausoléus, jogavam os corpos em uma vala comum, e depois jogavam cal, para deteriorar os que haviam sido preservados.

Foi um ato de ódio até para com os mortos. Alguns corpos foram espancados, até pelas falsas crenças históricas dos revolucionários, como o corpo da segunda esposa de Henrique IV, que julgavam ter sido responsável por sua morte.

La violation des caveaux des rois dans la basilique de Saint-Denis en octobre 1793”, por Hubert Robert

Período do Terror:

Nos 9 meses do Período do Terror, foram mortos, sem julgamento, cerca de 16 mil pessoas (número impreciso, que não considera os outros 10 mil mortos na cadeia). Qualquer crítica, ou leve suspeita, poderia gerar uma execução sem julgamento por contrarrevolução.

Nesse período de 9 meses, foram mortos mais pessoas do que em quase 3 séculos de Inquisição Espanhola (no seu segundo momento, depois de seu início mais inflamado), e, diferente da inquisição, não haviam julgamentos justos. Nem os aliados jacobinos de Robespierre escaparam da guilhotina, sendo mortos pela paranoia dele.

Representação da execução de Robespierre.

A profanação de Notre-Dame de Paris:

Outro crime odioso desferido contra a Santa Igreja foi a invasão da Catedral de Notre-Dame, a catedral da arquidiocese de Paris, a expulsão do bispo, a degolação das estátuas de reis nela presentes e a profanação da catedral.

Ela foi transformada num templo de culto da razão. O seu altar foi desmontado e substituído por um altar dedicado à “liberdade”, criando uma tal “deusa da razão”. Os relatos são muitos, e não se têm certeza da veracidade de todos, mas é dito que aconteceram grandes depravações no lugar.

Foi algo tão nojento e desprezível, que muitos os jacobinos protestaram contra e Maximilien Robespierre deu fim ao culto, criando outro, o “culto do ser supremo”, ou seja, um deísmo genérico.

Em outro período, a catedral foi transformada em um simples mercado, e durante as guerras, parte de seus sinos foram derretidos para fabricação de material de guerra.

Representação do culto pagão feito pelos revolucionários à “razão” na Catedral profanada.

Martírio das Freiras Carmelitas de Compiègne:

Por resistirem as supressões dos conventos, as freiras carmelitas de Compiègne foram martirizadas na guilhotina. A acusação foi de “fanatismo religioso” e atividade contrarrevolucionária. Entre as vítimas estavam até irmãs leigas.

O que motivava tais acusações? O fato que elas queriam viver a vida conventual, usar hábito e cumprir com as suas responsabilidades. A tal “atividade contrarrevolucionária” delas foi rezar em voz alta e em conjunto seu ofício na cadeia.

Durante sua execução, renovaram suas promessas batismais e seus votos religiosos, e entoaram o Veni Creator Spiritus, enquanto eram uma a uma guilhotinadas. Foram enterradas em uma vala comum, junto com outras mais de mil vítimas da revolução.

Vitral representando o martírio das freiras.

A criação de Napoleão:

A revolução foi responsável pela criação da figura de Napoleão Bonaparte, um delinquente que terminou de destruir as instituições cristãs francesas e europeias, enquanto enganava muitos católicos dentro da França, passando a imagem de um homem que tinha vindo para acabar com a revolução. Seu objetivo era o mesmo dos revolucionários, mas com uma abordagem mais lenta e cínica.

Criou uma monarquia de cabeça para baixo, com uma falsa e nojenta nobreza, que tentou misturar com a nobreza legítima, para escarnecer a imagem das instituições monárquicas. Aparelhou as escolas para que fosse ensinado apenas o que lhe fosse conveniente, omitindo os feitos da monarquia verdadeira. Negociou com a Igreja, apenas para tentar corrompê-la aos poucos, já que a Constituição Civil do Clero havia falhado.

Tentou espalhar sua ilegítima família pela Europa inteira, invadindo e destronando monarcas legítimos, além de auxiliar a destruir antiguíssimos estados e instituições, como a República de Veneza o que havia sobrado do Sacro Império Romano-Germânico.

A coroação de Napoleão. Seu orgulho e vontade de desprezar do Papa e das instituições tradicionais pouparam a Igreja da vergonha de coroá-lo.

Conclusão:

Já escutei de protestantes que a Igreja teria se corrompido com a suposta interferência do estado romano na antiguidade, e que a Igreja na Idade Média era terrível por querer influenciar a sociedade e a política, mas, paradoxalmente, o mesmo protestante defendia com unhas e dentes a revolução, dando vivas à “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Ora, se a interferência estatal na religião é errada, porquê apoiar uma revolução que tentou democratizar e distorcer o catolicismo? Se as mortes da Inquisição foram supostamente injustas e sem julgamento, porquê defender o regicídio e o período do Terror? Se a Igreja Católica foi paganizada, porque defender um estado que pretendia adorar a humanidade e roubar os templos católicos para os profanar?

A resposta é muito simples: os protestantes, liberais e socialistas vivem de narrativas. Não estudam factualmente o que defendem, nem suas raízes históricas, apenas repetem o que foi-lhes ensinado em suas seitas. Nunca tentam, racionalmente, compreender ambos os lados, o humanista revolucionário (dos iluministas humanistas) e o lado francês católico (basicamente todo o povo fora de Paris).

Para eles, existe o lado deles, e o lado dos irracionais, radicais, extremistas religiosos, fanáticos, que vivem na Idade Média, a dita “Idade das Trevas”, onde as pessoas não podiam ter acesso ao conhecimento, e que queimavam quem detinha conhecimento.

Bem sabemos que isto é mentira, pois as próprias bases (apesar de muito distorcidas) do mundo moderno vieram da atuação da Igreja, especialmente na Idade Média. O método científico foi criado por um frade, a genética por outro, as universidades foram criadas pela Igreja e zeladas por monges (como é o caso de Oxford, que possuí até uma igreja em seu interior, a “Christ Church”, entre outras dezenas de universidades e faculdades fundadas pela Igreja na Europa, e, posteriormente, na América, especialmente junto dos espanhóis).

A briga deles é para destruir o legado católico, que herdou o melhor da filosofia, política, medicina, música, literatura e outras áreas do mundo antigo, para substituí-lo com o que eles julgam ser moderno, superior, evoluído, totalmente livre das garras do “extremismo” e “fanatismo”. Eles rejeitam o legado ibérico, essencial para nossa sociedade, em favor dos falsos ideais criados pelos maçons e membros da Sinagoga de Satanás, com seus ídolos de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Para eles, as cruzadas foram irracionais e sanguinárias, mas nunca dirão o mesmo sobre o estado sionista genocida que atua na Terra Santa hoje em dia, sistematicamente matando cristãos e outros povos. Eles dirão que o dito povo tem direito a Terra Santa, evocando genocídios passados, mas nunca considerando o genocídio que eles mesmos praticam hoje em dia.

Esta infame, maçônica e satânica revolução é a besta que gerou a política moderna, anticristã, tanto da direita e esquerda. A direita, herdeira dos girondinos, têm apenas o interesse de conservar a revolução, de forma lenta e menos aparente, sempre buscando “compromissos”. A esquerda, herdeira dos jacobinos, deseja instaurar a revolução brusca e violentamente, sendo mais sincera sobre seus objetivos.

Estes crimes que citei são apenas alguns de muitos cometidos durante esta revolução e muitas outras precedidas e sucedidas por ela, como a Reforma Protestante, a Revolução Americana, a Comuna de Paris, a Primeira República Romana, a Segunda República Romana e a Revolução Russa.

Não se enganem, caros leitores, a resposta para todas estas políticas anticristãs não são ideologias nefastas que se apresentam como conservadoras, mas que não se comprometem com as instituições tradicionais. A única resposta possível é a católica, como descrita pelos doutores e pelos papas. As nações só terão paz quando instituírem o reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou seja, quando os princípios católicos regerem as sociedades.

Viva Cristo Rei!

Bruno,
São Paulo dos Campos de Piratininga, Terra de Vera Cruz, 23 de novembro de 2023, 523º do descobrimento e 201º da Independência.