Os erros de Le Sillon e o VII Congresso de Astana: os erros do passado, refletem os erros do presente

Convém a esse artigo mostrar como as ideias ecumênicas da Igreja desde o Concílio Vaticano II levadas até suas últimas consequências demonstram uma incrível semelhança com as ideias que desde os anos de 1910, vem se mostrando um perigo proeminente na unidade da Igreja, e demonstrar como esse perigo, chega a influenciar atitudes como as quais aconteceram no VII Congresso de Astana, e também mostrar como estão interligadas.
A última conferência de Astana em setembro de 2022 trouxe para a Igreja e ao mundo, um suspiro ecumênico e novos ares, com as palavras do Papa Francisco quanto um novo espírito, espírito esse que ele chamou de “novo espírito de Helsinque”, um espírito que segundo ele que “tornem o mundo mais pacífico.” e que “Precisamos de um diálogo com todos. Repito: com todos! ” -a Helsinque se refere aos acordos de 1975 que puseram fim à carnificina do Vietnã-. O discurso do Santo Padre, é extremamente parecido com o mesmo apregoado pelo Jornal Le Sillon em suas diversas obras e discursos, que defendiam uma liberalidade religiosa e a união de forças entre todas as religiões, para alcançar uma paz, mas não uma paz que o Catolicismo deve propagar, mas uma iluminação das “grandes sabedorias e religiões” que “a todos os seres humanos a existência dum patrimônio espiritual e moral comum, que assenta sobre dois pilares: a transcendência e a fraternidade”. É o que diz o Santo Padre em seu discurso e que foi o mesmo -ou parecido- que o Jornal Le Sillon propagava em 1910.
Pois bem, a Crise entre o Jornal Le Sillon e a Santa Sé não começa com a criação do jornal, sendo este a priori uma boa fonte para a propagação da fé católica e da Doutrina Social da Igreja, logo após a Rerum Novarum. Porém, um dia o lobo na pele do cordeiro sai de sua fantasia e mostra suas garras, que outrora foram escondidas por um doce e singelo casco de duas unhas, e isso aconteceu com o Le Sillon, por erro grotesco de pessoas que menosprezaram no jornal, o clero que era um freio de mão contra o carro desgovernado,que agora estava fora do cambio e o carro bateu de frente do que Pio X denominou de principais causadores: liberalismo e protestantismo. Ou seja, já não se tinha mais a autoridade eclesiástica ali, viva, puramente no jornal, e isso impacta nas ideias que o jornal logo começa a propagar.
Já entramos então no primeiro erro: a maior preocupação desses pelas coisas terrenas apenas em sua medida. Ou seja, o jornal para de seguir o clero, seja removendo padres e seminaristas de suas fileiras, e as ideias da igreja, se preocupando apenas com coisas meramente temporais, o que já é por si só motivo de uma bela condenação, tal qual foi feita.
E isso depois leva o jornal a uma espiral, onde chegam ao centro que é o idealismo! Bingo. O idealismo é o que mais mata as melhores ideias, e esse é um dos maiores exemplos.
O idealismo do Le Sillon se baseia na consciência moral da classe trabalhadora, que ao ver que têm uma Doutrina Social capaz de moldar e até mesmo em superar o estágio anterior de exploração e de miséria, efetua então a construção de uma sociedade com os seguintes dilemas: dignidade humana, liberdade, justiça e fraternidade. Mas como eles conseguem fazer isso, para chamar a atenção? A mesma estratégia que membros de setores da Teologia da Libertação e protestantes usam: desculpem-me o palavreado, mas é a prostituição do evangelho a seus interesses, ou seja, usar deles conforme é sua vontade, fazendo uma interpretação livre, e o que é o mais grave é a maneira que colocam Nosso Senhor Jesus Cristo, de forma, como diz o Santo Padre “a um Cristo desfigurado e diminuído”, espalhando os seus erros como se fossem de fato a verdade, inculcando na cabeça do trabalhador esse pensamento absurdo em se colocar no domínio da moral, dizendo o que o trabalhador deve ou não pensar sobre temas como igualdade, trabalho e justiça social, e esse é o trabalho único e exclusivo da Igreja Romana.
Quanto ao ponto chave que é esse que queremos entender do pensamento do Jornal: A democracia de uma pan-religião global onde todas estarão em pé de igualdade, apenas abaixo de princípios abstratos sem qualquer vínculo com as mesmas como entes reais.
Ou seja, a religião católica é em si mesma, a religião verdadeira. Fora isso não há dúvidas que é algo real e que podemos ver se manifestando na realidade concreta das coisas.
Vemos a tão ótima denúncia do Nosso Santo Padre Pio X:
“E agora, dominados pela mais profunda tristeza, nos perguntamos, veneráveis irmãos, o que aconteceu com o Catolicismo do Sillon? Ai de mim! Esta organização que antes proporciona tais expectativas promissoras, esta corrente límpida e impetuosa, foi aproveitada em seu curso pelos modernos inimigos da Igreja, e agora não é mais do que uma corrente miserável do grande movimento de apostasia que está sendo organizado em todos os países para o estabelecimento de uma Pan-religião, que não terá dogmas nem hierarquia, nem disciplina para a mente, nem freios para as paixões, e que, sob o pretexto da liberdade e da dignidade humana, voltaria ao mundo - se tal Igreja pudesse conquistar - o reino da astúcia e força legalizadas, e da opressão dos fracos e de todos aqueles que labutam e sofrem.”
E como isso se equipara com o Santo Padre? Simples, a partir do momento em se deve haver uma espécie de democracia Cristã, onde todos, todos sem exceção, devem ter o direito de praticarem a sua religião, como o Santo Padre mesmo fala sobre o empenho “para que a liberdade religiosa seja, não um conceito abstrato, mas um direito concreto. Defendamos para todos o direito à religião, à esperança, à beleza…”, gera um tom de ambiguidade, ora, todos os homens não católicos, devem ter, para o Santo Padre de ficar num erro travestido de direito? Obviamente que todos os homens não devem ser convertidos na espada, mas com o Espírito Santo, mas realmente respeitar a religião chegando ao ponto de dizer que é um Direito Humano pessoas seguirem deuses e os fazendo ficar no erro é o melhor caminho?
Imaginemos agora as consequências que essas falas causam nos fiéis. é até fácil de adivinhar o que seria, porém, o buraco é mais embaixo, e São Pio X nos mostra bem os efeitos nas juventudes:
“Aqui, fundada por católicos, está uma associação interconfessional, para trabalhar pela reforma da civilização, um trabalho religioso em primeiro lugar, porque não há verdadeira civilização sem civilização moral, nem verdadeira civilização moral sem verdadeira religião: é uma demonstração verdade, é um fato da história. E os novos sulcadores não poderão afirmar que trabalharão apenas "no campo das realidades práticas" onde a diversidade de crenças não importa. Seu líder sente tão bem essa influência das convicções da mente no resultado da ação que os convida, qualquer que seja a religião a que pertençam, a fazer com base nas realidades práticas a prova da excelência de suas crenças pessoais. “
Isso de fato está acontecendo, a heterodoxia chegou ao estrato social e na mente das pessoas, onde acham normal, católicos irem a centros umbandistas, ou pior, deixar pessoas fazerem rituais pagãos dentro de igrejas, como aconteceu em São Paulo, são frases essas como as do Santo Padre que beiram a heterodoxia que deixam católicos ambíguos, ou até mesmo defensores desses suposto diálogo onde muitos deles “que sonham em reconstruir a sociedade em tais condições e em estabelecer na terra, pois acima da Igreja Católica” e ainda fazer "o reino da justiça e amor", integrando os “trabalhadores de todas as partes, de todas as religiões ou sem religião, com ou sem crenças, desde que esqueçam o que os divide: suas convicções religiosas e filosóficas, e que compartilhem o que os une: um idealismo generoso e forças morais levadas ‘onde podem’. “
Termino aqui este breve artigo esclarecendo aos senhores que, esse artigo não versa da heterodoxia ao criticar o que fato o Papa disse, e que o que ele de fato fala é extremamente ambíguo, às vezes contraditório, chegando até mesmo a se comparado com o as fracas opiniões do Jornal Le Sillon, em sua concepção moribunda em conciliar ideais iluministas, socialismo e catolicismo. Rezemos então pelo nosso Santo Padre, que de fato não deve ser uma vítima, mas um refém das grandes elites internacionais, como vem sendo desde 1962.
Aos que vieram até aqui, rezemos pedindo a intercessão de São Pio X. Oremos:
“Ó Deus, que destes a São Pio X a graça de governar vossa Igreja com sabedoria, amor e verdade, daí também a nós, por sua intercessão, a graça de sabermos governar nossas vidas, nossas famílias, nossos empreendimentos, para que o vosso nome seja sempre mais glorificado. Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, amém. São Pio X, rogai por nós.”